terça-feira, 18 de setembro de 2012

AS NOVAS MEDIDAS DE AUSTERIDADE ANUNCIADAS PELO GOVERNO

Pronto, o príncipe foi-se embora outra vez, as crianças começaram as aulas, vem lá o Outono e... o primeiro ministro dá-mos mimos para nos consolar.
Eu não ouvi a comunicação do primeiro ministro na passada semana, nem a do ministro das finanças (nunca oiço, não dou confiança a essa gente), mas já me contaram que o nosso primeiro informou os portugueses que todas estas medidas ficaram muito aquem das tomadas por Mário Soares da outra vez que a Troika cá veio passar férias.
Pois, Pedrito, mas nessa altura os tempos eram outros...
Eu não passava de uma petiza, não pagava impostos e o meu conceito de austeridade era a minha mãe dizer-me que não podia comer gelados todos os dias, mas acho que hoje as medidas doem muito mais do nesses tempos. E porquê? Porque agora eramos todos ricos. Porque agora o país e os seus habitantes são muito diferentes do país e os seus habitantes nos idos dos anos oitenta.
Senão vejamos:
1- Se calhar nessa altura p'raí 30% da população ainda vivia numa ecomonia de subsistencia: criava os seus animais, cultivava a sua horta e não pagava impostos, logo, as medidas de austeridade não os afectavam, agora tocam mesmo a toda a gente.
2- Nessa altura ninguém gastava tudo quanto ganhava, uma parte dos rendimentos eram poupados. Ou seja, a fatia que o governo lhes tirou na altura não lhes saiu das compras, das férias, dos colégios e das actividades dos filhos, saiu-lhes de uma parte do rendimento que não usavam, poupavam. Por isso sentiram muito menos os luxos a encolher.
3- Nessa altura a maioria da população não estava esmagada com o peso das prestações mensais a pagar, porque nessa altura os juros eram tão altos que não se pediam empréstimos para tudo e mais alguma coisa. Hoje estamos muito sobrecarregados com prestações e o que sobra mal chega para sobreviver. Se nos carregam com mais impostos, deixamos de comer.
4- E, finalmente, nessa altura as pessoas só compravam aquilo para que tinham dinheiro, não se metiam em créditos loucos para comprar coisas supérfluas, como férias no estrangeiro, aspiradores, LCDs ou aparelhos de ginástica. Apenas uma fatia muito pequena da população jantava fora, comprava livros, comia fiambre ou iogurtes. Hoje todos temos acesso a muitas coisas antes impensaveis. São essas coisas que temos de deixar de consumir para entregar o dinheiro ao estado.
Mas, claro, isto sou eu a falar. Se calhar não foi nada assim...

2 comentários:

Anónimo disse...

não é bem assim.

a diferença é que naquela altura havia uma moeda para desvalorizar e agora não podemos desvalorizar o euro.

e a União Europeia estava a começar e Portugal partia de um ponto muito atrasado em termos de qualidade de vida, salários, etc..

mas obviamente esta festa em que se tornou Portugal algum dia havia de parar; de um lado o Estado a crescer e a gastar despudoramente, com grupos organizados de ladrões que nos últimos 30 anos viveram às custas de todos nós, com empresas que de privadas apenas têm o capital e o nome, porque vivem na subsistência do Estado, e, claro, com os particulares a entrarem na euforia do crédito fácil e do crescimento exponencial e sem fim.

ps: isto só lá vai quando os medíocres (passos coelho, sócrates, etc.), os corruptos (relvas, sócrates & companhia) e aqueles que nunca saíram de um gabinete e de dentro uma folha de excel (caso do vítor gaspar e do consultor borges) forem varridos.

Calos disse...

Concordo plenamente anónimo! Aceito e concordo que todos nós nos habituamos a viver muito acima das nossas possibilidades (aquela tão humana faceta de ambicionarmos o que é bom!) e revolta-me muito que tenhamos sido governados, e continuemos a ser, por uma cambada de incompetentes que só sabem olhar para o "seu" Hoje, comprometendo o "nosso" Amanhã.
Em Portugal ser político ou administrador público (e até funcionário público) implica uma série de regalias e direitos pré-adquiridos que os colocam acima do resto dos mortais, em vez de realizarem que têm uma profissão de muita responsabilidade e que devem ser exemplo de rectidão, humildade, poupança e simplicidade. Não me saí da cabeça que na Suécia os deputados andam de bicicleta e transportes públicos, vivem em T1s e comem na cantina. É urgente mudar em Portugal, não o governo (que são todos iguais!), mas as mentalidades, e este trabalho deve ser feito por todos nós.
Tenho dito!