sexta-feira, 18 de março de 2011

EMBONDEIROS

Desde sempre tive uma relação especial com embondeiros.
O meu pai foi à guerra do ultramar. Ele sempre me falou de África, mas nunca da guerra em si. Quando lhe pergunto acerca da própria guerra, as respostas são evasivas. Nunca percebi se passou, de facto uma guerra “santa”, sem muito a assinalar, ou se, simplesmente, não quer falar do assunto.
Do que o meu pai fala é dos animais, da vegetação, dos amigos militares, do picante da comida, das rações de combate (atum com ciclistas. Sabem o que são os ciclistas? Feijão frade. Em casa dos meus pais o feijão frade sempre se chamou ciclistas, por causa das recordações de Angola).
Das coisas que o meu pai melhor me descreveu foram os embondeiros. Árvores gigantescas, estranhas, com folhagem rala para o tamanho da árvore e com uns frutos bizarros, que, nas palavras do meu pai, parecem gatos pendurados pelo rabo.
Mais tarde tornei a cruzar-me com embondeiros n’ “O Principezinho”.

Uma tarefas matinais do Principezinho, além de limpar os vulcões, era arrancar os embondeiros que iam nascendo no seu planeta, porque se se distraía eles cresciam demais e ocupavam todo o planeta. Toda a gente conhece esta ilustração do planeta do Principezinho abafado com embondeiros. Além disso conhecia a lenda africana do embondeiro: o embondeiro possuía uma sombra fantástica graças às suas abundantes e doces folhas, mas a árvore cometeu o erro de gabar a sua própria beleza, tornou-se vaidosa e sobranceira relativamente às outras árvores. Deus resolveu então castigar a sua vaidade, desenterrou-a, e voltou a plantá-la, mas de cabeça para baixo … e assim a deixou ficar até aos nossos dias.
Nesta imagem o embondeiro parece mesmo virado com as raizes para cima!
Pois o embondeiro sempre fez parte do meu imaginário, porque sempre sonhei com todas estas descrições, mas nunca tinha visto nenhum.
Vi pela primeira vez embondeiros no Senegal e fiquei fascinada com a árvore. Foi como encontrar um velho amigo.
Aqui ficam uma foto de um embondeiro fantástico. O pontinho à frente do tronco sou eu, que estou na fotografia para dar escala.

3 comentários:

El che disse...

Já tão 2 embondeiros plantados na mata. Dizem que não vai pegar, mas logo se vê...

wolfinho disse...

Como é que sabes isso tudo ai no ultramar. lol

El che disse...

Novas tecnologias...