Feridas e calos: duas amigas com coisas para dizer ao mundo. Sim, nós sabemos, as mulheres têm sempre coisas para dizer, e têm sempre razão!... Acontece que estas coisas são mesmo importante e por isso têm de ficar registadas para a posteridade. Agora a sério: isto não tem interesse nenhum, portanto fuja daqui enquanto é tempo!... E para os Xarales que nos soletrem: Viva o Ninhou!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
GANHAR DINHEIRO - A MACELA DA MATA
Este cromo é dedicado às formas que usávamos para ganhar dinheiro nos idos de 1980.
Como as formas eram muitas e variadas vamos dividir isto por dois cromos.
Mas esta actividade, por original e largamente expandida, merece um cromo só para si: a apanha de macela na mata (ou “marcela”, como costumávamos dizer).
Bem chegava o Verão e os dias começavam a ser intermináveis por não haver escola, ranchos de putos invadiam a mata à apanha da macela, que posteriormente era vendida para ervanárias.
A macela vendia-se verde, a 45$00 o kilo, ou, para os que tinham a coisa mais profissionalizada e não se importavam de esperar para rentabilizar o investimento, a 300$00 seca.
Mas a variedade de venda em verde tinha mais adeptos, não só porque se via o dinheiro ao fim do dia de trabalho, mas porque permitia certas actividades mafiosas que não resultavam com a macela seca: refiro-me a acrescentar umas pedrinhas ao saco ou molhar a macela para aumentar o peso.
Os receptores da macela em Minde eram, segundo consegui apurar, a D. Maria Adelaide Morgadinha, a D. Maria dos Caracóis e o Zé Cândido e também uma senhora na Mira, que já faleceu.
Além dos que trabalhavam árdua e honestamente, havia depois os gangues que se dedicavam a actividades crimonosas paralelas. Refiro-me concretamente ao Marruas (que vai ter um cromo só para si) que esperava calmamente que os apanhadores voltassem da mata ao fim da tarde, lhes dava uma malha de porrada e lhes ficava com a macela para ir vender por sua conta. Eram tempos árduos para os trabalhadores, entre a falta de condições laborais e as máfias do crime organizado…
Resta só acrescentar que a actividade foi de tal maneira explorada que quase conseguiu extinguir a macela na mata. Como a macela deixou de nascer os miúdos deixaram de a apanhar e agora já vai aparecendo de novo. Mas quem procurasse macela na mata há dez anos atrás não encontraria nem uma bolinha.
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2 comentários:
Nunca tinha ouvido falar de tal actividade. Devo ser do tempo em que já estava extinta.
Muitos Kilos lá apanhei mais o meu irmão e os meus vizinhos (Mario e Regina).
Usavamos latas de nesquik (uma lata cheia 300gr), era a nossa bitola, depois tinhamos latas maiores para guardar a apanha do dia.
Foi assim que num verão comprei o meu 1º radiogravador por 7.500$00.
Bons tempos.
P.S: Nunca fui assaltado
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