quinta-feira, 4 de abril de 2013

HOJE É O ENSAIO GERAL...

...e eu adoro ensaios gerais. Gosto mesmo. A partir do ensaio geral já estamos oficialmente em estreia e é uma sensação fantástica.
Nos dias de ensaio geral lembro-me sempre de um dos dias mais mirabolantes da minha vida, que culminou com um ensaio geral.
Eu ainda era advogada em Minde e nesse dia tive que ir duas vezes a Lisboa!
Fui de manhã tratar de um assunto, faltava-me um papel e o assunto tinha mesmo que ser resolvido nesse dia. Então voltei a Minde, obtive o papel e voei de novo para Lisboa a tempo de apanhar uma determinada repartição aberta. Quando vinha para casa só pensava em tomar um banho e relaxar antes do ensaio geral já não sei de que peça.
Quando chego a casa está-me um primo do meu marido à porta com um ramo de flores na mão. Estranhei. Olá tudo bem, olhas estas flores são para ti, obrigada, mas qual é o motivo, nada só me apeteceu, entra, o JP deve estar a chegar.
Conversa de circusntância, conversa de circunstância (pois, cá estamos, pois... e o tempo?... Pois... ele deve estar quase a chegar...). E eu só pensava "quando é que este se vai embora para eu ir tomar o meu banho". Não tinha jantar feito, estava a prever comer uma sopa e umas torradas e marchar para o ensaio. Às tantas, quando a conversa se esgotou de vez, o primo lá disse, bem, vou-me embora...
 Quando nos levantamos os dois toca o telefone. Era a minha mãe: filha, o JP não te conseguiu avisar, mas convidou o primo para jantar. Tenho aqui o jantar pronto para vocês, vem cá buscar. Fiquei lívida, nessa altura eu ainda não tinha telemovel e esperava tudo menos aquilo. Disse imediatamente ao primo: não vais nada, então, vieste para jantar... Espera só um bocadinho que eu tenho que ir num instante a casa da minha mãe. Lá fui a casa da minha mãe buscar um bacalhau cozido com todos, já na travessa e tudo. Quando cheguei a casa o PJ já lá estava. Deixei-os aos dois a comer o bacalhau e marchei para o ensaio geral.
O primo estava a estranhar não haver preparativos nenhuns para o jantar, mas eu lá dei a volta à coisa e ele ficou sem perceber se eu sabia ou não que ele tinha sido convidado para jantar. O JP quando me viu entrar em casa com uma travessa de bacalhau sorriu e piscou-me o olho. Mal ele sabia que o primo esteve quase para se ir embora sem jantar nem nada.
Moral da história: uma mãe faz muita falta na vida de uma pessoa!

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh Feridas és mesmo ao contrário de mim. Detesto os ensaios gerais, pois é nos ensaios gerais que descubro que não sei o papel e tenho de andar a colar cábulas em tudo quanto é sitio no dia da estreia! Para mim só depois do jantar em conjunto e dos portos da praxe, no dia da estreia é que aquilo começa a fazer sentido. Não vou dizer quem sou, pois rapidamente me vais apanhar, mas ainda me recordo das tuas palavras numa famosa sardinhada da banda em que os actores se reuniram, dias depois de estrear uma peça, com tua encenação e passo a citar: "Dois dias antes da peça andava passada contigo, e achava que tinhas sido mal escolhido, mas no dia da estreia fizeste aquilo tão bem que nem parecia a pessoa dos ensaios".
Moral da História: Amanhã levo uma garrafa de Porto!!

Feridas disse...

Obrigadinha! Espero ter folêgo para a beber. E, não, não sei quem és. Tenho a mesma memória que um prato de puré de batata...