sexta-feira, 19 de abril de 2013

ACTIVIDADE DE SOBREVIVENCIA

Na semana passada falei aqui de uma actividade que os meus escuteiros iam fazer, mas toda a semana não tive um bocadinho para falar sobre isso.
Não sei se sabem que, nos escuteiros, quem escolhe o que quer fazer são os miúdos, por fidelidade à máxima do nosso fundador "Ask the boy".
O que significa que os miúdos é que decidem o que querem fazer, como, onde, etc. Os dirigentes estão lá para acompanhar, controlar e manter as coisas dentros dos parametros de segurança (e, às vezes, de sanidade...)
Pois os meus "rapazes" andam desde o ano passado a pedir para fazerem uma actividade de sobrevivencia. Todos eles suspiram a ver os programas do Bear Grillys, em que ele é largado na mata virgem, se alimenta de larvas e dorme em abrigos construidos no cimo das árvores (dizem as más linguas que depois de as câmaras se desligarem se instala em resorts de luxo, mas isso não interessa para nada...)
Ando há mais de um ano a tentar tirar-lhes esta ideia das cabecinhas, porque sou muito nervosinha e só conseguia pensar em todos os perigos que eles poderiam enfrentar e não me apetecia nada ser acordada a meio da noite para ir requisitar um helicoptero da protecção civil para ir tirar um do fundo de uma ravina.
Mas, como não podemos ser como Frei Tomás (faz o que ele diz não faças o que ele faz), acabei por ter de ceder e preparar-lhes a actividade.
O imaginário (as actividades estão sempre enquandradas num imaginário, uma história, uma aventura que eles estão a viver) era que eles eram uma equipa da National Geographic, com o objectivo de filmar um documentário acerca de sobrevivencia. Mas como o orçamento era muito pequeno, tinham apenas mil "euros" para gastar da loja da National Geographic (ou seja, a chefia). Então demos-lhes um "catálogo da loja" onde estavam os bens que eles podiam "comprar" com os seus 1000 €. Eram coisas do género de uma caixa de fósforos custar 100€ e um toldo impermeavel custar 700€. O objectivo era que eles só levassem o essencial e não se esticassem demasiado na tralha.
E lá foram. No sábado de manhã sairam da Mendiga, dormiram a monte, sózinhos, na Serra dos Candeeiros, cozinharam em lume (não digam nada a ninguém que isto é tudo altamente ilegal...). Construiram uma armadilha para panhar animais e "caçaram" um coelho (que eu comprei no Intermarché e por isso já o "caçaram" esfolado e estripado) e construiram uma rede para apanhar peixes e "pescaram" uma truta para cada um (estas "pescaram-nas" com as respectivas tripas e escamas). Nós iamos fornecendo a comida, que tentámos fossem coisas que eles pudessem encontrar na natureza, como mel, azeitonas, frutos secos, etc. Além disso amassaram e fizeram pão na sua fogueira e construiram o seu abrigo para dormir. No domingo chegaram a casa sujíssimos, cansado mas felizes e muito orgulhosos de si por terem ultrapassado esta "dura" prova.
Comeram mal, dormiram no chão, mas só lhes fez bem. Adoro endurecer os miúdos, detesto putos de veludo, que tudo lhes faz mal e que gritam ao ver uma aranha.
O objectivo final da actividade era que as "equipas da Natinal Geographic" fizessem a sua reportagem. Vão apresentar as reportagens amanhã e eu mal posso esperar para as ver!
Se eles me autorizarem, reproduzo as reportagens aqui.
Digam lá, OS ESCUTEIROS SÃO OU NÃO SÃO O MÁXIMO?

2 comentários:

Calos disse...

Que maximo!
Explica lá como é que "caçavam" os coelhos ou "pescavam" as trutas. Era assim do tipo "levantavam uma pedra e "Olha uma truta!" ou aparecia-lhe no meio da serra uma geleira com um coelho já amanhado?

Feridas disse...

Não foi bem assim. A chefia de manhã disse-lhes: vamos encontrar-nos de novo no ponto X do mapa, às tantas horas. Até lá devem construir uma armadilha para apanharem um pequeno animal.
Quando nos encontravamos de novo, eles executavam e demonstravam a armadilha que tinham construido e nós davamos-lhes o coelho. De novo ao final da tarde com a demonstração da rede para peixes.
Devo acrescentar que as reportagens estavam o máximo. A ver se logo à noite já consigo por aqui uma delas.