terça-feira, 6 de setembro de 2011

OS TRÊS ESTAROLAS - I


Os "três estarolas" têm hoje mais de 50 anos e são, na generalidade, senhores "respeitaveis".
Mas já foram adolescentes, e que adolescentes!
Já ouvi as histórias deles vezes sem conto em noites de copos, mas rio-me sempre até às lágrimas e nunca consigo deixar de pensar como é que é possivel que numa terra tão pacata se possam ter passado cenas tão incriveis como algumas das que eles (e outros) foram protagonistas.
Os tempos eram, definitivamente, outros. Era a pujança dos anos 70 e 80, o auge económico de Minde, muito trabalho, muita gente constantemente a entrar e a sair da terra, desconhecidos a chegar todos os dias. E muitos pais demasiado absorvidos com o trabalho para prestarem realmente atenção às coisas inacreditáveis que os filhos faziam. E também muita daquela inconsciencia inocente que se tem quando se é puto: somos os maiores, nada nos pode acontecer, nada nos pode fazer mal.
Pois os três estarolas, e outros amigos da sua idade, tinham 16 ou 17 anos, as hormonas aos saltos e eram doidos.
Tinham por hábito roubar os carros das garagens dos pais ou de outros familiares para irem à noite para bailes, festas, discotecas, ou, simplesmente, para irem às gajas.
A tática era simples: abrir o portão da garagem, desengatar o carro e empurrá-lo para fora sem fazer o mínimo ruído, empurrá-lo pela rua fora até já estar suficientemente longe para que o barulho do motor não acordasse o dono e depois fazer uma ligação directa. Ninguém tinha carta, ninguém tinha as chaves dos carros. Niguém tinha dinheiro para gasolina, o carro andava até onde desse e depois logo se via.
Uma dessas noites, um deles roubou, enfim, "pediu emprestado", um carro a um tio. Lá foram para a festarola não sei onde e no regresso repararam que o carro tinha uma mossa. Ficaram em desespero: e agora, bateram-nos no carro, como é que vamos por o carro na bagargem batido?
Lá voltaram para Minde e foram acordar um pobre bate chapas às tantas da manhã para lhes resolver o problema antes de amanhcer.
Quando finalmente o carro voltou à gararem todos respiraram de alívio.
De manhã o dono do carro tem a surpresa da sua vida. Oh mulher, anda cá depressa! Anda aqui o diabo! Ontem bati com o carro e hoje não se nota nada, o carro arranjou-se de noite. Eu estarei maluco?!

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