Feridas e calos: duas amigas com coisas para dizer ao mundo. Sim, nós sabemos, as mulheres têm sempre coisas para dizer, e têm sempre razão!... Acontece que estas coisas são mesmo importante e por isso têm de ficar registadas para a posteridade. Agora a sério: isto não tem interesse nenhum, portanto fuja daqui enquanto é tempo!... E para os Xarales que nos soletrem: Viva o Ninhou!
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
O PASSEIO DA CATEQUESE
Quem pode esquecer os passeios da catequese?...
Eram o ponto alto do nosso fim de ano lectivo. Era Verão, já não havia escola e íamos todos passear, juntos, no mesmo autocarro.
Na véspera não se dormia a pensar no passeio da catequese. Lá íamos nós de madrugada, às vezes quase de noite, com as nossas lancheiras preparadas pelas mães, a não ser aqueles que levavam os pais no carro, atrás dos autocarros.
Chegaram a ser 10 autocarros, porque além das crianças da catequese, respectivos catequistas e muitos pais, ia toda a população, que fazia daqueles passeios (verdadeiras “excursões” à antiga) muitas vezes a única viagem que faziam durante todo o ano.
Quando chegávamos ao local de encontro dos autocarros, geralmente na praça, já estava sempre muita gente, acho que devia haver gente a dormir lá de véspera, para não perder pitada. Geralmente também já lá estava o Padre Messias (paz à sua alma), extraordinariamente sem o tradicional casaco preto e cabeção, mas e, por uma vez no ano, de camisa à civil, de manga curta, de panamá de palhinha ou boné e com o mítico apito, com que comandava as tropas.
Os destinos nunca variavam muito, parece-me que todos os anos se ia, invariavelmente, a Conímbriga/ Portugal dos Pequenitos, ao Museu da Marinha/Planetário ou a Vila Viçosa. Mas sempre que possível o dia acabava na praia e era sempre a parte melhor. Mesmo que o tempo estivesse mau e a água do mar estivesse gelada, toda a gente ia ao banho (era o que faltava, ir carregado com o fato de banho e a toalha para nada…)
Mas a festa começava logo à saída de Minde e durava toda a viagem. Tiro o meu chapéu aos motoristas desse tempo, que conseguiam ir toda a viagem a ouvir pérolas musicais tais como “ Senhor chofer, por favor, ponha o pré no acelarador, se bater não faz mal, vamos todos p’r hospital” e “ Os de trás em cima, os da frente em baixo, e rapa o tacho e rapa o tacho e rapa o tacho”, sem se passarem da cabeça e calarem toda a gente à chapada.
Depois havia os auto-nomeados “animadores” que assim que se apanhavam com o microfone na mão passavam toda a viagem a contar anedotas (daquelas que não ofendem, porque era um passeio de petizes…) e a cantar lindas canções.
Outra aventura eram as paragens para fazer xixi. Toda a gente corria para onde pudesse para aliviar a natureza, os homens formavam uma fila compacta de costas para a estrada. E na hora de regressar ao autocarro faltava sempre alguém que tinha ido não sei onde e se tinha atrasado ou perdido.
Como já disse em cima, havia famílias que seguiam os autocarros nos seus carros. Por isso se formava um cortejo sem fim de carros e autocarros que demorava eternidades a mover-se de um lado para o outro.
Estas famílias que seguiam de carro (e também as outras que iam nas camionetas) protagonizavam os verdadeiros pique-niques, com todos os matadores: mesas, cadeiras, tachos de arroz embrulhados em papel de jornal para não arrefecerem, garrafões de vinho, melões, melancias e alguidares para lavar a loiça no final.
No final do dia regressávamos a Minde já de noite. Parte das crianças adormeciam de cansaço na viagem de regresso.
Eram dias perfeitos, de enorme felicidade e que nunca mais esqueceremos.
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10 comentários:
Perfeito.
Dos melhores cromos que por aqui passou...
Era um verdadeiro acontecimento social.
10 autocarros da carreira, e nunca se partia a horas, havia sempre os atrasados que eram os mesmos todos os anos.
Mas que nos divertia-mos muito, disso não tenho duvidas.
Excelente cromo... no meu caso era a minha avó que me arrastava...e me controlava... recordo-me muito bem era das cantorias no autocarro...sendo o ex-libris as "
Mantas da nossa terra" claro está.
É verdade! As coisas de que vocês se lembram...Mas a verdade é que se não fossem os passeios da catequese ainda hoje não conhecia Tróia! E o meu primeiro beijo foi durante um dos célebres passeios, olecas!!!
Good old times :)
Bem..que coincidência....há cerca de uma hora atrás falei nos passeios da catequese!!..
Quando vínhamos a chegar a Minde...havia sempre um final de viagem apoteótico com as Mantas da Nossa Terra!!
Um dos passeios que me recordo bem foi o mencionado pela/o teacher..Tróia!!
Belos tempos!!..hoje já não existem os Passeios da Catequese..pois não?
J.
Sei que fui apenas a um passeio ! (já não foi nada mau)
Recordo-me muito bem das festas de Encerramento da Catequese... para nós era o oportunidade de sermos estrelas... um mês de ensaios e muita dedicação :)
Depois o chegado momento, a actuação em palco, vestidas a rigor e até maquilhadas interpretando os "Onda Choc" e "Ministars". Para os mais apaixonados o "Não há estrelas no céu" de Rui Veloso.
... belo post!!!
Querida Feridas,
Esqueceste te de duas coisas muito importantes:
À ida para o destino do passeio, havia sempre a missa dominical (sempre fora de Minde, para nao haver baldas, pois se fosse em Minde, muitos nao iam à missa).E ainda no regresso, rezavamos o terço. Estava bem programado, pois quando o acabavamos de rezar, estavamos muito perto de Minde, era entao que cantavamos as famossas Mantas da nossa Terra. Belos tempos.
Belo post, parabens
AC
Para que seja de fácil interpretação:
- como não me recordo do passeio da catequese queria deixar (acima, no comentário anterior) uma memória alusiva ao post, só me lembro das festarolas de encerramento :)
Queridos doutores e enfermeiros destas vossas Feridas e Calos:
Muito obrigada pelos comentários! É este o caminho: os Cromos são de todos, cada um se lembra de uma coisa e acrescenta. É natural que nós não nos lembremos de tudo nem tenhamos vivido tudo. Pois, se nós estamos ainda a despontar os vinte aninhos como querem que nos lembremos de coisas passadas em 1980? Ainda não eramos nascidas...
Dizes tu......
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