segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

OS VERDADEIROS CROMOS, PARTE I



O CHANCEMAN
O cavalo de ferro.
O picha de aço (ou, noutra variante, o picha de aço das mulheres casadas).
Estes eram alguns dos epítetos que o Chanceman… se atribuía a si próprio.
Escolhi este para ser o primeiro d’ Os Verdadeiros Cromos porque o Chanceman me diz muito. Mais à frente já explico porquê.
Pois o Chanceman era um tipo enorme (também é dele a autoria da frase “um homem só é homem a partir dos 100 kgs”). Não gosto de dizer que tinha perturbações mentais, prefiro dizer que tinha uma pancada sem limites.
O Chanceman (não lhe posso chamar outro nome senão este, porque não faço a mínima ideia de como se chamava. Alguém aí fora sabe?) passava a vida à boleia entre Minde e Mira de Aire, ou para qualquer outra localidade das redondezas, como é próprio de quem não tem mais nada que fazer. Ele ia para onde o carro o levasse.
Conta que quando um carro parava para lhe dar boleia perguntava sempre “Tem aparelhagem? “, “É Pioneer?” Se o carro não tivesse aparelhagem ou não fosse Pioneer já não ia, mesmo que o simpático condutor estivesse na disposição de o levar.
Uma vez comprou uma bicicleta em Mira de Aire. Vinha inchadíssimo pela estrada fora, a fazer malabarismos à frente dos carros e não deixava ninguém passar. Por azar vinha atrás dele o Sr. Artur das bombas que tinha um carro com o volante do lado direito. Deitou-lhe a mão e derrubou-o. O Chanceman não foi de modas, partiu o vidro do carro, largou a bicicleta e desatou a fugir mata fora. A bicicleta nunca chegou a vir a Minde.
Um dos seus entreténs favoritos era vir para o centro de Minde às 6 horas quando as raparigas da fábrica esperavam as camionetas. Como afirmava que corria mais que os carros, para exibir a sua masculinidade, corria que nem louco à frente de qualquer carro que fosse a passar. Claro que corria sempre mais do que eles, porque corria pela estrada e não os deixava passar.
Mas a parte em que a minha vida e a do Chanceman se cruzam andará aí por 1985/86, tinha eu 15 ou 16 anos. Era na altura em que ele costumava andar com um casaco assertoado com botões dourados e um boné à capitão de navio. Quem não soubesse o que ali estava acreditaria que era um lord inglês em férias em Monte Carlo!
Pois o bom do Chanceman lá me achou piada e um belo dia decidiu ir pedir-me em casamento ao meu pai.
Foi o meu pai que me contou isto, perdido de riso. Parece que ele lhe foi dizer “gosto muito da sua filha. É muito jeitosinha, mas um bocadinho arisca!”
Pudera, eu fugia dele como o diabo da cruz!
O meu pai lá aguentou o riso como pode e respondeu-lhe que sim senhor, me deixava casar com ele, mas que eu ainda era muito nova. Felizmente foi internado e nunca mais voltou, senão ainda se lembrava de vir cobrar a promessa!

6 comentários:

Anónimo disse...

O nome do Chanceman, é Pedro!!!
Via-o todos os dias a passar à minha porta, quando eu morava na Av. José António de Carvalho!
AC

Anónimo disse...

esqueceram-se de um promenor o cachimbo desse gajo pois na altura do casaco azul e do tal chapeu ele onde passava intoxicava tudo.

El che disse...

Está demais...! Do que vocês se lembram!!

Feridas disse...

Anónimo, tens razão, não me lebrei do cachimbo. Era mesmo por isso que eu achava que ele parecia um lord inglês.

Calos disse...

Quem sabe melher se não perdeste um belo dum casamento...

Rui Carvalho disse...

Que belo casamento!