Sabemos que não estamos a fazer um trabalho muito mau como pais quando...

Os filhos são seres complexos. Chatos. Têm vontade própria, feitios diferentes e...não trazem manual de instruções, o que pode ser bastante desagradável. Também não têm um botão de ON/OFF nem de volume, o que também não ajuda. Mas são "nossos" e são mesmo os seres mais "nossos" que pode haver, a nossa maior criação, a nossa obra prima. São "diamantes"como diz o Carlão dos ex Da Weasel.

Não é fácil fazer o papel de pai e de mãe de seres tão complexos e eu tento, a todo o instante, não ser uma mãe formatada de filhos formatados. Não vou em modas, não vou em cantigas, não vou na onda e não quero que os meus filhos sejam só aquilo em que o sistema as quer tornar: mais umas ovelhas do inúmero rebanho das crianças de hoje. Falo-lhes ao coração da "nossa glória", do clã Almeida Aguiar, como gosto de me referir à nossa família, mas especialmente a eles 3. Digo-lhes coisas como "a nossa glória não tem negativas, nem às disciplinas que não gosta", "o nosso clã esforça-se sempre ao máximo, mesmo que o resultado não seja o melhor", "os Almeida Aguiar estão atentos aos outros e ao que os rodeia", "a nosso clã procura sempre a felicidade", "a nossa glória protege e ajuda as crianças da escola mais indefesas"...etc...etc...

Claro que fico contente e babada quando têm boas notas ou quando assisto a um concerto da orquestra do agrupamento e os vejo tocar (bem ou mal, não sei) agarrados aos seus instrumentos de sopro, mas querem saber o que é que me enche mesmo de orgulho? Enche-me de orgulho ser parada por uma mãe no supermercado que me disse:
"- Hoje fiquei surpreendida com a tua Vitória. Eu ia a entrar na creche com o carrinho de bebé e estava com dificuldade em abrir a porta e fazer passar por ela o carrinho. (É verdade, a porta é muito pesada e tem uma mola que a faz querer fechar-se). A Vitória viu e veio em meu auxilio. Voltou atrás e veio segurar-me a porta enquanto eu passava com o carrinho. Fiquei admirada. Não é normal uma criança tão pequena estar atenta a este tipo de coisas."

Aquela mãe tem razão, não é normal. As crianças de 7 anos não estão despertas para este tipo de coisas. Não me imagino eu própria com sete anos a segurar a porta para alguém passar por auto-recriação. Acontece que a Vitória é da "nossa glória" e está a aprender a lição muito bem. A lição da escola e a lição da vida. O orgulho que eu tenho nestes 3, meu Deus...

Eis uma forma fácil e rápida de por uma mãe, criança de 40 anos, com a lágrima no olho, em pleno Pingo Doce.