terça-feira, 16 de junho de 2015

Philippe Petit, o grande

A Feira do Livro é para mim muito mais que um mercado gigante de livros, é um passeio da fama de Hollywood mas em vez dos actores bonitinhos e ocos, está recheada de escritores, autores, ilustradores, editores, e gente extremamente interessante a vários níveis. Em cada esquina, em cada praça, acontecem constantemente "coisas": um lançamento, uma palestra, uma conversa, um debate. Para mim aquilo é o paraíso. Parece que morri e fui para o céu.
Mesmo em frente à Padaria dos Poetas ficava a Praça da Fundação onde se desenvolviam actividades da Fundação Francisco Manuel dos Santos (que eu não conhecia mas que vale a pena) que edita uma revista semestral intitulada XXI - Ter opinião. O tema da revista nº5 é O Risco e no lançamento da respectiva na Feira do Livro convidaram Philippe Petit, que é, nem mais nem menos que, o Homem do Arame, o funâmbulo que fez a travessia entre as Torres Gémeas de Nova Iorque nos anos 70, entre outras loucuras parecidas de menor altitude. Comecei a assistir confesso que sem grande entusiasmo pelas suas palavras. Há feitos que superam e dispensam quaisquer palavras. Mas depressa percebi que não era o caso. Philippe Petit, embora seja Petit de nome, é muito maior que os seus feitos e a grandeza das loucuras (serão loucuras?...) que comete são só um pequeno reflexo do seu gigante interior.
Fiquei como que hipnotizada a ouvi-lo durante mais de uma hora. Como se sente uma divindade quando está lá em cima no arame, como o equilíbrio do corpo não pode ser dissociado do equilíbrio da mente, como falou com a gaivota de olhos vermelhos que o vinha importunar quando se deitou na travessia das Torres Gémeas, quando em Israel na travessia entre o bairro árabe e o bairro judeu, lhe pediram para levar uma pomba e a lançar nos céus mas a mesma não sabia voar e lhe pousou na cabeça e depois na vara e depois no cabo, como quanto mais aprende sobre tudo mais tem a sensação que nada sabe, apesar de ser escritor (9 livros editados), monociclista, malabarista, pintor, especialista em nós (sabe fazer mais de 200 dos cerca de 2000 catalogados), escultor (fez um workshop de 6 meses para promover a finalização da construção da Cathedral of St. John The Divine na cidade de Nova York onde é artista residente). Enquanto fala pausadamente, no seu inglês afrancesado, faz magia com as ideias, é profundo, poético, deixando toda uma audiência em absoluto silêncio. Nunca usa a palavra "cair", nem falada nem escrita. Nunca! E diz que, se algum dia "sair" do arame, não é porque "caiu", é porque voou...


Na revista XXI - Ter Opinião está uma reportagem espectacular sobre ele, brilhantemente escrita por António Araújo. Se tiverem oportunidade, não deixem de ler.



Pesquisei um pouco sobre o personagem e...minha nossa!...Incrível!...

 Um dos muitos videos do YouTube sobre a travessia no WTC







 Deitado...wtf!!!!!


Cathedral St. John the Divine inacabada

Em Outubro próximo vai sair um filme sobre Philippe e a travessia no WTC, The Walk. Um segundo visto que o primeiro é de 2008, Man on Wire.
Let's look at the trailler:



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