Feridas e calos: duas amigas com coisas para dizer ao mundo. Sim, nós sabemos, as mulheres têm sempre coisas para dizer, e têm sempre razão!... Acontece que estas coisas são mesmo importante e por isso têm de ficar registadas para a posteridade. Agora a sério: isto não tem interesse nenhum, portanto fuja daqui enquanto é tempo!... E para os Xarales que nos soletrem: Viva o Ninhou!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
OS CASAMENTOS
Há 16 anos atrás era eu a noiva...
O meu casamento foi diferente dos casamentos de hoje, mas isto levou-me a pensar nos casamentos dos anos cromos.
Os casamentos nos anos 80 eram um acontecimento. Houve casamentos épicos, era a altura da grande pujança das fábricas em Minde, havia muito dinheiro e ninguém queria ficar atrás do vizinho em termos de opulência. Mas não é desses grandes casamentos que quero falar. Quero falar é dos casamentos normais, a que toda a gente ia.
A festa começava na semana anterior, fazia-se em casa dos noivos arroz doce e rocas que iam levar a casa dos padrinhos, de alguns convidados e de pessoas que, apesar de não terem sido convidadas, se queriam distinguir. Ainda fiz isto.
Na véspera do casamento rapazes e raparigas dividiam-se.
Os rapazes iam, inevitavelmente, espetar a última bebedeira ao noivo. As consequências costumavam ser fatais para noivo e convidados, no dia do casamento ainda não a tinham curado bem e estavam algo amarelitos. Por outro lado, ainda antes do almoço, com a visita ao Jaquim do Casal, retomavam a bebedeira da véspera.
As meninas iam acabar os últimos preparativos em casa da noiva, que costumavam incluir as flores nas jarras e as cervejas no frigorífico para o dia seguinte e, claro, iam fazer a cama aos noivos. Esta também era uma tradição bem gira, apesar de às vezes descambar em grave parvoíce. Mas fazia-se a cama à espanhola, punha-se esparguete por baixo dos lençois (para estalar) e deixavam-se preservativos espalhados... o principal é que era motivo de risota por muito tempo.
O grande dia começava cedo para todos. A noiva ia para a cabeleireira à 6,30h ou perto e o noivo ia, invariavelmente, lavar o carro...
Os convidados iam para casa de um ou de outro e a comezaina começava logo de manhã, com tudo a que se tinha direito; frangos, camarão, copos de vinho e doces, como se já fosse o próprio banquete.
A ida para a igreja fazia-se de carro e à entrada da igreja as hostes separavam-se de novo: as meninas e a família mais próxima iam assistir ao casamento e os homens e rapazes iam para o Jaquim do Casal iniciar, oficialmente, a bebedeira do dia.
A deslocação da igreja para o local da boda fazia-se entre grandes buzinadelas, era importante que toda a gente soubesse que ia ali um casamento.
O banquete durava todo o dia, não havia cá essas modernices de casamento só à tarde. Era todo o dia a comer e a beber!
O resto do dia era enfeitado com pérolas deste calibre: o bater dos talheres nos pratos e copos para que os noivos se beijassem (e depois os pais do noivo, os pais da noiva, os padrinhos, as madrinhas, os tios e vizinhos... era uma arraial de beijos), o leiloar da liga da noiva (sabe-se lá de que América ou de que França é que importaram este disparate), o enfeitar (ou sujar) o carro em que os noivos deveriam sair para lua de mel (no Algarve ou na Serra da Estrela, que não havia cá estes desvarios das Maldivas ou da Tailândia).
Os fotógrafos eram outros cromos. Assumiam o papel de mestres de cerimónias e mandavam em toda a gente. As poses da fotografias era demais: agora a olharem um para o outro, agora encostados a uma árvore, agora a olhar o infinito, agora o noivo segura o queixo da noiva...
A meio da tarde, entre o almoço e o copo de água, os noivos costumavam ir mostrar a sua casa aos convidados. Começavam logo a vida com a casa toda suja e cheia de copos usados e as gavetas todas reviradas pelas tias que iam admirar a quantidade de lençóis do enxoval.
A abertura do copo de água também era digna de se ver: o pessoal corria para o camarão e o ananás como perdidos no deserto para um oásis!.
No final da festa era permitido aos convidados mais íntimos levar restos de comida para casa. Lembro-me de ver gente a chegar com Tupperwears (é assim que se escreve?) e a levar bolos inteiros e leitões ainda com a laranja na boca!...
(Esta da foto não sou eu, o meu bolo de noiva não parecia a coroa do Espírito Santo...)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Excelente! Fizeste-me recordar esses casamentos,nos quais me diverti muito quando era míudo! Adorava no copo de agua, encher um prato de brigadeiros e come-los todos sozinho. :)
Brutal!...
Talvez o melhor cromo de sempre.
Parabéns pelo teu aniversário de casada.;-)
Feridas, no outro dia que fui aí jantar a tua casa acho que deixei aí o meu chapéu de chuva! Há-des ver! É preto, daquela marca dos Betinhos(B..ton). :)
Lembrei-me agora porque está a chover a potes aqui na Aroeira.
Querida Feridas,
Adorei este teu post, o que escreveste era tal e qual o que se passava naqueles tempos, inclusivé eu casei nessa época e foi assim mesmo.
Mas tenho de fazer um pequeno reparo, nao sao restos de comidas, sao sobras, o que é totalmente diferente.
Beijinhos
AC
Oh Amigo Nelson..."Há-des"???????
Hás-de....ai esse Português.
Aquele Abraço Amigo.
Alexandre Pires
Estas teclas escapam debaixo dos dedos!! hehe
Abraço
Enviar um comentário