terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Jobs for the boys


Parece que o filho do nosso digníssimo ministro da cultura João Soares, indiferente a todo o descontentamento entre o funcionalismo público, arranjou um emprego na câmara de Lisboa. Era importante avisar o dito cujo que aquele deve ser o pior emprego do mundo pois, por lá, a malta anda toda a reclamar direitos adquiridos, a carga horária de trabalho semanal e as idades da reforma.
Puto, não vás! Olha para o teu avô e o teu pai que toda a vida, coitados, se encostaram ao estado, de uma forma ou de outra, e vê na desgraceira que deu, a vida amargurada que ambos sempre tiveram.

Esta família Soares enerva-me um bocado. Ok, o senhor e a senhora Soares (por quem eu até tinha muita admiração pois esta era mesmo uma senhora!) lutaram muito pela democracia e contra a ditadura, bla blá blá, mas têm sempre aquela pose de quem é mais que os outros.
"Nós é que somos os doutores, nós é que somos das boas famílias de Lisboa, nós é que educamos bem os nossos filhinhos nos melhores colégios de Lisboa, nós é que somos o caviar beluga na mesa das entradas e lutámos em nome do povinho, coitadinho, que nada sabe, nem nada vale. O mesmo povinho que, sem pessoas como nós, não era nada.

(Um à parte: nunca percebi bem esta coisa de ministros e outros estadistas porem os filhos em colégios particulares. A mim soa-me a reconhecimento que não conseguem fazer nada de jeito se nem confiam no seu próprio sistema de ensino para lá colocarem os seus próprios filhos. Era como eu ser directora de uma escola e por os meus filhos a estudar na escola vizinha.)

Então este filhinho da mamã, este betinho da treta, este empertigado do João Soares é mesmo o cúmulo! Exemplo perfeitinho de quem nunca teve de lutar por nadinha na vida. Tudo lhe foi dado de bandeja. Mas até aqui tudo bem, que ninguém tem culpa da sorte ou do azar. Nasceu rico e influente, sorte a dele, parabéns! Aquilo com que eu não posso é o ar de que tudo lhe surge por mérito, porque são seres superiores, melhores que os outros não sei bem em quê, sem realizarem que o berço onde nascemos é o nosso maior karma, para o bom e para o mau, é a variável que mais influencia o nosso destino, e das poucas cujo controlo não está nas nossas mãos.
Não sei se alguém disse isto mas, se não disse, digo eu:
"Diz-me onde nasceste e dir-te-ei que és!"

2 comentários:

ML disse...

eles são donos do colégio moderno
e eu não posso com nenhum deles, nem pintado

Calos disse...

Pois são...eu sei.
Se ele é socialista como apregoa, deveria defender o ensino publico e não andar a abrir colegiosinhos privados.
É tão socialista como o pastor alemão do Hitler...