Nos meus já muitos sketches em mindrico, acerca da vivência dos nossos antepassados no início do século XX, passei algumas vezes por referencias à santana da Abela. Santana quer dizer feira, em mindrico. A primeira vez que me apareceu a referência perguntei o que era a Abela, ao que me explicaram que era uma terra no Alentejo, com uma grande feira, onde os mindricos iam vender mantas.
Sucede que no fim de semana passado passei na Abela.
Tá boa! pensei, aqui está a famosa Abela.
Eram já mais de 7 da tarde e precisávamos de pão para o dia seguinte.
Perguntámos se ainda havia alguma coisa aberta e responderam-nos que o supermercado tinha acabado de fechar, mas que batessemos à porta, o dono ainda estava lá dentro.
Batemos e veio um senhor de uns 75 anos.
O chão estava molhado, ele tinha acabado de limpar tudo para fechar. Mas, muito simpático, lá nos disse: "Enquanto ê aqui estiveri, tou sempre de serviço"
O Meuprincipe entrou, eu fiquei na rua, para não espezinhar mais a loja ao senhor.
O Meuprincipe decide meter conversa: "Sabe, sou de uma terra a mais de 200 kms daqui. Mas os meu avós vinham para aqui vender mantas"
O senhor abre um sorriso, com muito poucos dentes, e responde: "Nã me diga qu'é de Mindi!"
Ficámos parvos, todos os três, nós e ele.
E não é que ainda por lá se lembram do mindrico de mantas às costas a vender de feira em feira.
A feira da Abela era enorme, nesse tempo. Disse ele que vinha gente de Évora.
Depois a febre aftosa pegou nos animais, a produção desceu e a feira morreu.
Viemos contentes e deixámos o senhor contente com dois dedos de conversa!
2 comentários:
Adoro!
Paula Vedor
Brutal!!!!
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