Um molotof monumental. Teve uma experiência: como a família não se conseguia decidir se queria com caramelo ou branco (havia votos nos dois sentidos), inovei: a metade de baixo tem caramelo e a metade de cima é branca, mas nenhuma se vê por causa do creme.
Um "papão" de anjo! É uma papo de anjo gigante, mas em que a calda foi substituída por ovos moles na cobertura. Levou 20 ovos!!! Mas valeu a pena.
Uma tarte de chocolate e brandy. Tem melhor aspecto do que sabor, já fiz uma cruz no livro de recitas sobre esta página.
Eu adoro doces de ovos! E a maior parte deles são só para gulosos profissionais, amadores não se aguentam com a envergadura da coisa.
Curiosamente, diz-me o Meu príncipe, que anda lá pelas estranjas, que doces com ovos só em Portugal. Por lá vê sobremesas com chocolate ou com fruta, gelados, mas ovos não. O ovo é considerado uma coisa salgada e não doce.
Então porque é que cá temos receitas que levam 24 ovos?
Fui investigar.
Descobri que esta coisa do disparate de ovos que levam os nosso doces, principalmente conventuais, se deve a um facto curioso. Nos séculos passados, as freiras usavam claras de ovo para engomar os seus hábitos. Mergulhados em claras e passados a ferro os tecidos ficavam tesos como papel, como era moda na altura. Então, para dar destino às gemas que lhes sobravam do uso das claras, começaram a empregá-las em doces. E saíram pérolas da doçaria nacional, com quantidades absurdas de gemas, como os ovos moles, os papos de anjo, os pingos de tocha, os rebuçados de Portalegre, as fatias de Tomar, etc.
No século XVIII Portugual era o maio produtor europeu de ovos e tudo por causa dos hábitos das freiras. Havia um convento em Évora que chegou a produzir 180 dúzias de ovos por mês!
Agora o nosso colesterol e o preço dos ovos não nos permite fazer destas coisas em casa com frequência, mas uma vez para experimentar, vale a pena. O papão de anjo está de comer e chorar por mais!!!
E como Páscoa também é sinónimo de chocolate, fiz também aquela tarte, mas não ficou grande coisa.
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