AS CRÓNICAS DE INGLATERRA

No início deste ano lectivo, em Setembro, os meus escuteiros (pioneiros, de 14 a 18 anos) começaram a sonhar com uma ida a Inglaterra. Parecia uma ideia disparatada, mas o sonho comanda a vida e depois de fazermos algumas contas, lá nos pareceu que talvez não fosse impossivel.
Reunimos os pais e expusemos a ideia. Os pais concordaram e pusemos mãos à obra. É dificil contar o que foi este ano. Dez adolescentes, dois dirigentes e uma ideia maluca. Os garotos trabalharam como doidos: venderam bolos à saida das missas e nos mercados, fizeram duas edições de rifas, cantaram janeiras, participaram num concurso de presépios (e ganharam!), venderam fardas em segunda mão, fizeram mealheiros... eu sei lá, foi um ano inteiro a trabalhar. Por causa desta ideia, renunciaram a outras actividades durante o ano, tudo para poupar qualquer tostão.
O projecto era visitar a Ilha de Bronwsea, no sul de Inglaterra, local onde, em 1907 nasceu o escutismo: foi o local onde Baden-Powell, o fundador, realizou o primeiro acampamento experimental com 20 rapazes. Depois de uma noite nesta ilha mítica para todos os escuteiros do mundo, atravessar Iglaterra e participar numa actividade para pioneiros no Parque de Gilwell. O Parque de Gilwell foi o primeiro parque escutista do mundo, fundado também por Baden-Powell. mantém-se até hoje como um local de encontro para todos os escuteiros e além disso é o local por excelencia de formação de dirigentes escutistas.
As viagens foram marcadas e pagas em Dezembro. Desde essa data até agora estabeleceram-se contactos com todas estas entidades e muitas outras: autorizações, transportes, bilhetes e passes para tudo e mais alguma coisa, burocracias próprias de fronteiras e da organização escutista, participação em cursos, muitos pagamentos... Enfim, estou capaz de montar uma agencia de viagens!
A data aproxima-se: 5 a 8 de Julho.
Mas... como não podia deixar de ser, alguma coisa corre mal: na semana passada era greve dos controladores aéreos. Foi desmarcada. Agora é a greve dos pilotos da TAP.
Precisamente nas nossas datas: 5 a 8 de Julho. Conseguimos voo mais cedo para ir no dia 4 à noite, mas não conseguimos voo para regressar. Só no dia 11. Não temos hipotese nenhuma de ficar em Inglaterra até dia 11. Eu e o outro chefe temos que vir trabalhar e não temos dinheiro para nos sustentarmos tanto tempo.
Isto é o que se chama morrer na praia... falta tão pouco tempo...
Se não desmarcarem a greve, não podemos ir...
Perdemos mais de 2.000 € de coisas que já pagámos...mas não há dinheiro que pague a desilusão de nós todos...
Por favor, se conhecem alguém no sidicato dos pilotos, reencaminhem-lhe este post. Estamos a desesperar de ansiedade...
E pensar que eu podia ter marcado os voos na British Airways, que eram quase à mesma hora, mas preferi marcar na TAP porque o que é nacional é bom...