Ricardo era médico e seguia uma doutrina baseada na tranquilidade. Não temia a morte, dominava as suas paixões e concentrava-se nos pequenos prazeres da vida. Sobrepunha sempre a razão à emoção, aceitando a ordem universal das coisas não por resignação mas por equilíbrio entre o ser e o estar. Com um realismo cruel, admitia a limitação e a fatalidade da condição humana.
Alberto, por sua vez, era um camponês quase analfabeto. Nunca escreveu prosa porque acreditava que só a poesia conseguia descrever a realidade. Poeta da Natureza, defendia que as coisas não têm um sentido nem uma interpretação. Existem e pronto. Viveu o presente sem indagar e sem questionar o futuro. Dizia que pensar é "estar doente dos olhos" e que a realidade está à vista. Assim, sem mais nada a esconder ou a revelar.
Álvaro era um engenheiro de educação inglesa. Primeiro entediou-se com as rotinas da vida, o enfado, e partiu em busca de novas sensações, "do ópio que consola". Depois deixou-se fascinar pelos ritmos mecânicos e cadentes da revolução industrial e pelos tempos modernos. E por fim rendeu-se à incompreensão dos demais e à falta de realização pessoal e fechou-se em si mesmo, angustiado e cansado.
Fernando era tudo isto e muito mais. Era um mágico das palavras. E só se faz magia com palavras quando se é todo magia.
Começa amanhã, dia 10 de Fevereiro, uma exposição na Gulbenkian dedicada a Fernando Pessoa e aos seus heterónimos, que pretende mostrar toda a multiplicidade da obra do grande poeta de língua portuguesa, conduzindo o visitante numa viagem sensorial pelo universo de Pessoa, para que leia, veja, sinta e ouça a materialidade das suas palavras.
Tentem não perder!
Façam-se finos que a vida não é só gajas, cervejas e futebol!
(Ai que erudita que ela está hoje!...)
2 comentários:
garantidamente que não perco!
Amiguinha...sabes quando vais? Podiamos ir juntas. Bj
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